São vários os filmes, séries e livros que retratam o conflito permanente entre israelenses e palestinos. A ultima escalada de violência, em maio de 2021, foi provocada por ameaças israelenses de despejo de famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah, localizado fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém. O fim da era Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro que governou por 12 anos, também gera dúvidas sobre o futuro dessa violência que dura décadas e já produziu milhares de mortos de ambos os lados, mas com um número muito maior de vítimas entre palestinos. 

O conflito entre os dois povos remonta a histórias bíblicas, mas foi acirrado com a criação do Estado de Israel, após o fim da Segunda Guerra Mundial e como resposta à tragédia do Holocausto. Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a divisão da Palestina em dois estados, um judeu e outro árabe. Em maio de 1948, após a as tropas britânicas deixarem a Palestina, o presidente da Agência Judia para a Palestina, David Ben-Gurion, anunciou a formação do estado judeu. A sessão da ONU que deliberou as partes do território que ficariam sob o domínio judeu e palestino foi liderada pelo diplomata e político brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960).

Judeus de vários países europeus migraram para Israel e adotaram o novo país como pátria. Desde então, israelenses vêm ocupando áreas no território palestino nos chamados assentamentos, expandidos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia. A ONU considera a maioria desses assentamentos como violação das leis internacionais. As ocupações e anexações por Israel mudaram completamente o mapa definido em 1948. A faixa de Gaza, liderada pelo Hamas, vive sob bloqueio de Israel e do Egito e seus moradores não podem se deslocar para a Cisjordânia, governada pela Autoridade Palestina, politicamente mais moderada. 

 Tema de Cinema indica séries e filmes para entender um pouco mais sobre o conflito entre israelenses e palestinos.

Our Boys (Nossos Meninos), da HBO, 2019, minissérie com 10 capítulos

três jovens estudantes são sequestrados por membros do Hamas. Enquanto os israelenses acompanham pela TV as notícias do possível crime, Mohammed, um garoto palestino, desaparece a caminho de sua mesquita local. O ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu boicote dos israelenses à produção acusando-a de antissemita. Na realidade, a série procura expor os dois lados do conflito de forma imparcial.   

Fauda (2015) é o nome da série da Netflix, criada e estrelada por Lior Raz, ex-integrante das Forças Especiais de Israel e com co-autoria do jornalista especializado no conflito, Avi Issacharoff. “Fauda” significa “caos” em árabe e é um jargão do exército israelense para designar uma operação em que tudo dá errado, como acontece no desenrolar da trama.

Munique (Munich), 2005, dirigido por Steven Spielberg, relata o trauma histórico do ataque terrorista do grupo islâmico Setembro Negro, durante os Jogos Olímpicos de 1972 e que resultou na morte de onze atletas da delegação israelense e cinco dos oito terroristas palestinos. Três foram presos. A trama se concentra na caçada vingativa liderada pela polícia secreta de Israel, o Mossad, aos idealizadores do Setembro Negro. Pode ser visto na Amazon Prime Vídeo.

Por fim, o filme Aproximação (Disengagement), de Amos Gitai (França/Israel, 2007), acompanha o cotidiano de mãe e filha, em Gaza. As duas acompanham as ações de israelenses, liderados por Uli, tio da menina, em defesa do que pensam ser seu território, enquanto palestinos tentam manter sua ocupação e árabes tentam entrar na área. A direção de Gitai e o roteiro procuram não emitir juízo de valor a respeito desses três povos, e este é o maior mérito desta produção.