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MENTIRAS NADA INOCENTES

IStock/IPGGutenbergUKLtd

Churchill

A deliberada negação da ciência e dos fatos históricos configura um perigoso retrocesso social

Por Guga Dorea [1] 
Publicado em 08 de julho de 2021

Há quem negue acontecimentos históricos como o Holocausto na Alemanha Nazista, a ida do homem à Lua, a esfericidade da Terra, a ditadura militar no Brasil ou a gravidade da pandemia do Coronavírus. E isso mostra que há algo de muito errado acontecendo no País e no mundo.

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Notas e referências bibliográficas

Lipstadt, Deborah (2017) Denying the Holocausto: The Growing Assault on Truth and Memory (Negando o Holocausto: O Crescente Ataque à Verdade e à Memória), São Paulo, Universo dos Livros

Oreskes, N. e Conway, E. (2000) Merchants of doubt, Bloomsbury Publishing Estados Unidos, 2011

Schwarcz, L. M. e Starling, H. M. (2020) A Bailarina da Morte, São Paulo, Companhia das Letras

Palestras e documentários

  • Conferência de Deborah Lipstadt "Por Trás da Negação do Holocausto", TEDxSkoll, Abril 2017, neste link
  • Documentário Mercadores da Dúvida, de Robert Kenner, Sony Pictures, 2014, neste link
  • Curta-metragem Para onde foram as Andorinhas?, de Mari Corrêa, produzido pelo ISA (Instituto Socioambiental) e Instituto Catitu, para a Conferência do Clima de Paris (COP-21), 2015, neste link

Nota 1

Sobre os registros da disseminação do documento Os Protocolos dos Sábios de Sião, ver publicação em United States Holocaust Memorial Museum neste link

Nota 2

O espalhamento de mentiras e de negacionismo pode ocorrer por desinformação ingênua ou pela prática de misinformation (termo em inglês que define a intenção deliberada de propagar informação enganosa). A desinformação pode ser espalhada por boatos falsos, insultos ou pegadinhas. Já a desinformação deliberada ou misinformation é praticada por meio de embustes, spearphishing (golpes eletrônicos), fake news (mentiras), teorias de conspiração, propaganda, deepfakes, hoaxes, fraudes, photoshops e propagandas de difusão automatizada (bots ou robôs) nas redes sociais. O objetivo é gerar medo e desconfiança na população por meio de ferramentas de marketing e inteligência artificial voltadas à manipulação política ou ideológica. 
Fontes: https://en.unesco.org/

dictionary.cambridge.org/

[1] Guga Dorea é jornalista e sociólogo, com mestrado e doutorado em Sociologia pela PUC-SP. Atua como investigador social e pesquisador na área da Filosofia da Diferença. É formador de professores para a inclusão, além de idealizador e desenvolvedor, desde 2012, da  Oficina da Palavra e da Escrita Criativa Todos na Diferença para Pessoas com Deficiência, entre outras pessoas que queiram construir suas histórias de vida através da escrita. É também pai do Thiago, que tem a Síndrome de Down, e da Joyce. Nas horas vagas é poeta. É autor dos livros "Singularidades Poéticas" e "A Síndrome de Down como você nunca viu: relato profundo de um pai educador".

Nota: para entrar em contato com o autor ou adquirir seus livros, envie um e-mail para gugadorea57@gmail.com


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Na história moderna, sempre existiram fatos comprovados pela ciência e radicalmente negados por pessoas ou grupos. O velho negacionismo, porém, encontrou na realidade digital meios inéditos de propagação em massa de velhas teorias da conspiração e mentiras deliberadas (fake news). Os objetivos finais são diversos, mas os ataques à verdade surgem invariavelmente ligados a interesses econômicos e/ou políticos e até religiosos.


A história comprova. A negação dos efeitos nocivos do cigarro para a saúde, por exemplo, é sabidamente patrocinada pela indústria do tabaco (ver notas). Há muito tempo, grupos políticos e ideológicos utilizam teorias conspiratórias para disseminar o medo e o ódio a supostos inimigos, como fizeram os nazistas em relação aos judeus. Grupos religiosos também se aproveitam da boa fé alheia para ampliar ou manter o poder — e isso vem de longe.


No início da chamada Idade Moderna, avanços científicos foram negados pela Igreja Católica. Galileu Galilei, conhecido como “pai da física moderna” e “pai do método científico”, chegou a ser condenado pela Inquisição Romana (mais conhecida como Santo Ofício), no século XVI, quando o papa Paulo III combateu o protestantismo. Para não ser queimado na fogueira, Galileu foi obrigado a negar a sua tese sobre o Heliocentrismo.

 

O escritor, matemático, poeta e teórico da cosmologia, Giordano Bruno, que há 421 anos deu continuidade aos estudos de Galileu, também foi acusado de heresia e morto por ordem do Santo Ofício. Além de refutar a ideia de que a Terra era o centro do Universo, ele defendeu que havia um número incalculável de planetas girando em torno do Sol — teses negadas pela Igreja na época. Hoje, todo mundo sabe que Galileu e Giordano estavam corretos.

GettyImages/CanvaPro/Petr Polak

Giordano Bruno foi acusado de heresia e morto no Campo Dei Fiori, praça em Roma onde foi erguida esta estátua em sua homenagem

Isso não quer dizer que a ciência seja imbatível. Basta ver o debate entre Nicolau Copérnico e Albert Einstein na física moderna. O primeiro defendeu a tese científica de que existe um tempo único e absoluto que todos devemos seguir. Já Einstein trouxe a concepção, também científica, do tempo relativo. Segundo ele, acreditar em um tempo absoluto é pura ilusão. Neste caso, atualizar estudos antigos é apenas um sinal de que a ciência simplesmente avança. Para o nosso bem.

GettyImages/CanvaPro/J.R. Gutierrez

Sede do Parlamento Britânico onde Churchill proferiu vários de seus famosos discursos. À esquerda, o icônico Big Ben, instalado em 1859

A Igreja Católica defendia o Geocentrismo de Ptolomeu desde o início da era cristã e punia por heresia os defensores do Heliocentrismo

O QUE É NEGACIONISMO


O termo "negacionismo" foi popularizado pelo historiador francês Henry Rousso, no final dos anos 1980, para denominar crimes de negação da existência do Holocausto. O pesquisador demonstrou que a rejeição à realidade é parte indistinta do horror nazista, e não apenas um fenômeno de revisionismo historiográfico paralelo.


Os negacionistas não concordam com esse termo e se autodenominam "revisionistas da História". Muitos defendem abertamente que o Holocausto foi uma farsa criada pelos próprios judeus, com o objetivo de propagandear a intenção geopolítica da criação do Estado de Israel. Outros dizem que o Holocausto não passa de invenções históricas dos Aliados da Segunda Guerra para demonizar os alemães.


É importante lembrar que, por trás do antissemitismo dos nazistas, está uma grande fake news


Em 1919, durante um de seus primeiros discursos gravados, Adolf Hitler descreveu uma “conspiração internacional de judeus, todos empenhados em enfraquecer e envenenar a raça ariana e extinguir a cultura alemã". Baseou-se, para isso, no documento apócrifo Protocolos dos Sábios de Sião, que teria circulado primeiramente na Rússia dos últimos czares e ganhou traduções e adaptações na Europa, EUA, América do Sul e Japão (ver notas).


Nos EUA, em 1920, o empresário Henry Ford, notório apoiador do nazismo, traduziu os tais protocolos e os publicou em capítulos no seu jornal, com o título O Judeu Internacional: o principal problema do mundo. O texto ganhou traduções para 16 idiomas e circulou nos meios de comunicação da época.


Firmando-se como veículo de massa na ocasião, o rádio foi tratado como meio ideal para propagar o ideário nazista e manter o controle da opinião no regime. Nesse cenário, Hitler e seu ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, obtiveram êxito em espalhar a teoria conspiratória e cultivar o ódio antissemita no povo alemão. Até evoluir para a chamada "solução final" que culminou no Holocausto.


Infelizmente, a estrutura dessa teoria conspiratória da existência de uma elite oculta e global ressurgiu com força neste século, apenas substituindo os atores da conspiração — de judeus para comunistas. Com o agravamento de ser espalhada de forma massiva nas redes sociais digitais.

 


Por que as pessoas acreditam em teorias da conspiração? Talvez a crença na luta permanente entre o bem e o mal, inspirada por visões apocalípticas e pelo extremismo político de amplos espectros, consiga explicar um pouco do mecanismo que leva um cidadão comum a negar a história, a ciência e a realidade em troca da falsa segurança de ter desvendado "forças invisíveis" como inimigas de sua realização pessoal

Foto: Tema de Cinema

A realidade do Holocausto: no Campo de concentração de Sachsenhausen, em Oranienburg, Alemanha, lê-se a famosa frase nazista "o trabalho liberta"


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NEGACIONISMO CLIMÁTICO

O chamado negacionismo climático também tem sido amplamente difundido, sobretudo nos EUA, por ultraconservadores e grupos ligados à indústria do petróleo, detentores de verbas bilionárias que rejeitam a tese do aquecimento global provocado pela ação humana.


No Brasil, sob influência dos EUA de Donald Trump, o olhar negacionista ganhou corpo no governo de Jair Bolsonaro, que agraciou políticos e apoiadores ideológicos com cargos públicos de importância nacional. Um deles, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi um dos responsáveis pelo aumento do discurso anticientífico e pelo retrocesso na política ambiental — isso estando à frente da gestão da Amazônia, o maior e mais rico patrimônio da biodiversidade no mundo.


No âmbito da legislação, o atual governo rema perigosamente contra a maré do apelo nacional e internacional pela emergência de conter as emissões dos gases estufa no meio ambiente. 


Nem toda a população brasileira concorda com o negacionismo climático, mas essa postura é amplamente defendida por grupos de terraplanistas, ruralistas, mineradores, grileiros e políticos vinculados ao autodenominado conservadorismo, sobretudo à extrema-direita.

Tema de Cinema

Premiado em festivais internacionais, o curta metragem "Para onde foram as andorinhas?" dá voz aos índios do Parque Indígena do Xingu e mostra como as mudanças climáticas afetam suas vidas. Produzido pelo ISA e Instituto Catitu para a Conferência do Clima de Paris (COP-21), o filme está disponível na internet

NEGACIONISMO NA PANDEMIA

No combate à Covid-19 no mundo, governantes de alguns países foram negacionistas na gestão da pandemia, ultrapassando os limites da política institucional para exercer a simples militância ideológica

Exemplos notórios de negacionistas na pandemia são Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, Boris Johnson, primeiro-ministro da Inglaterra, e Jair Bolsonaro, presidente do Brasil. Todos negaram a relevância da crise sanitária no início. Com o passar do tempo e as evidências de gravidade da COVID-19, os três primeiros mudaram de postura. Pelo menos, reduziram o desprezo à política de vacinação, salvando um número considerável de pessoas – o que, infelizmente não aconteceu no Brasil.

O discurso negacionista de Bolsonaro, ao contrário, foi se ampliando na medida que ocorria o aumento trágico do número de pessoas contaminadas, internações e mortes. Ao lado de mais de meio milhão de vidas perdidas, os brasileiros enfrentaram e ainda enfrentam um verdadeiro tsunami de mentiras e conspirações vindas de pessoas — a começar pelo próprio presidente da República — que afirmam publicamente que "o vírus não é tão perigoso assim" e que "o isolamento social é ato de covardes".

 

No livro A Bailarina da Morte, as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling observam que esse comportamento é muito semelhante à série de notícias falsas durante a Gripe Espanhola no Brasil, nos anos 1920. Assim como a cloroquina, divulgada e distribuída pelo governo Bolsonaro, os políticos da época difundiram o mesmo sal de quinino, usado no tratamento da malária, como cura na pandemia da gripe. Mais tarde, comprovou-se a ineficácia do medicamento (ver notas).


Vale observar, paralelamente, que o negacionismo é um comportamento complexo que tem origem na negação do "outro”, concebido como o “diferente”. Basta ver, mesmo antes das eleições, a postura homofóbica e misógina do presidente, além de seus discursos racistas contra negros, quilombolas e indígenas, bem como sua renitente negação da existência da ditadura militar no Brasil (1964 a 1984).


Por fim, as ações deliberadas de desinformação (ver notas), tanto de parte da população, como do próprio governo federal, em torno da negação da política de vacina e do isolamento social, como únicas formas de evitar o alastramento do vírus, levaram o Brasil ao trágico número de mais de 530 mil mortes pela COVID-19 — um preço incalculável pago pelos brasileiros vítimas da pandemia e do negacionismo no poder.

O filme Contágio, de Steven Soderbergh (2011), surpreende pela semelhança do roteiro com a pandemia de COVID-19 e mostra a ação de negacionistas, especuladores e falsos jornalistas em cima da tragédia. Assista ao trailer

Referências bibliográficas


Lipstadt, Deborah (2017) Denying the Holocausto: The Growing Assault on Truth and Memory (Negando o Holocausto: O Crescente Ataque à Verdade e à Memória), São Paulo, Universo dos Livros


Oreskes, N. e Conway, E. (2000) Merchants of doubt, ̳Bloomsbury Publishing Estados Unidos, 2011


Schwarcz, L. M. e Starling, H. M. (2020) A Bailarina da Morte, São Paulo, Companhia das Letras


Palestras e documentários

  • Conferência de Deborah Lipstadt "Por Trás da Negação do Holocausto", TEDxSkoll, Abril 2017, neste link
  • Documentário Mercadores da Dúvida, de Robert Kenner, Sony Pictures, 2014, neste link
  • Documentário Para onde foram as Andorinhas?, de Mari Corrêa, produzido pelo ISA (Instituto Socioambiental) e Instituto Catitu, para a Conferência do Clima de Paris (COP-21), 2015, neste link

Nota

O espalhamento de mentiras e de negacionismo pode ocorrer por desinformação ingênua ou pela prática de misinformation (termo em inglês que define a intenção deliberada de propagar informação enganosa). A desinformação pode ser espalhada por boatos falsos, insultos ou pegadinhas. Já a desinformação deliberada ou misinformation é praticada por meio de embustes, spearphishing (golpes eletrônicos), fake news (mentiras), teorias de conspiração, propaganda, deepfakes, hoaxes, fraudes, photoshops e propagandas de difusão automatizada (bots ou robôs) nas redes sociais. O objetivo é gerar medo e desconfiança na população por meio de ferramentas de marketing e inteligência artificial voltadas à manipulação política ou ideológica.
Fontes: https://en.unesco.org/

dictionary.cambridge.org/

Referências bibliográficas

Lipstadt, Deborah (2017) Denying the Holocausto: The Growing Assault on Truth and Memory (Negando o Holocausto: O Crescente Ataque à Verdade e à Memória), São Paulo, Universo dos Livros

Oreskes, N. e Conway, E. (2000) Merchants of doubt, Bloomsbury Publishing Estados Unidos, 2011

Schwarcz, L. M. e Starling, H. M. (2020) A Bailarina da Morte, São Paulo, Companhia das Letras

Palestras e documentários

Conferência de Deborah Lipstadt "Por Trás da Negação do Holocausto", TEDxSkoll, Abril 2017, neste link

Documentário Mercadores da Dúvida, de Robert Kenner, Sony Pictures, 2014, neste link

Curta-metragem "Para onde foram as Andorinhas?, de Mari Corrêa, produzido pelo ISA (Instituto Socioambiental) e Instituto Catitu, para a Conferência do Clima de Paris (COP-21), 2015, neste link

Nota 1

Sobre os registros da disseminação do documento Os Protocolos dos Sábios de Sião, ver publicação em United States Holocaust Memorial Museum neste link

Nota 2

O espalhamento de mentiras e de negacionismo pode ocorrer por desinformação ingênua ou pela prática de misinformation (termo em inglês que define a intenção deliberada de propagar informação enganosa). A desinformação pode ser espalhada por boatos falsos, insultos ou pegadinhas. Já a desinformação deliberada ou misinformation é praticada por meio de embustes, spearphishing (golpes eletrônicos), fake news (mentiras), teorias de conspiração, propaganda, deepfakes, hoaxes, fraudes, photoshops e propagandas de difusão automatizada (bots ou robôs) nas redes sociais. O objetivo é gerar medo e desconfiança na população por meio de ferramentas de marketing e inteligência artificial voltadas à manipulação política ou ideológica Fontes: https://en.unesco.org/

dictionary.cambridge.org/

[1] Guga Dorea é jornalista e sociólogo, com mestrado e doutorado em Sociologia pela PUC-SP. Atua como investigador social e pesquisador na área da Filosofia da Diferença. É formador de professores para a inclusão, além de idealizador e desenvolvedor, desde 2012, da  Oficina da Palavra e da Escrita Criativa Todos na Diferença para Pessoas com Deficiência, entre outras pessoas que queiram construir suas histórias de vida através da escrita. É também pai do Thiago, que tem a Síndrome de Down, e da Joyce. É autor dos livros "Singularidades Poéticas" e "A Síndrome de Down como você nunca viu: relato profundo de um pai educador".

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NEGACIONISMO NO CINEMA

No filme Negação (Denial), o cinema nos mostra que nem tudo é tão fácil para os negacionistas


Assista ao trailer legendado de Negação, 2017, Sony Pictures. O filme completo pode ser comprado no You Tube Movies



Em 1993, a historiadora Deborah Lipstadt, da Universidade Emory, de Atlanta (EUA), escreveu o livro Denying the Holocausto: The Growing Assault on Truth and Memory (Negando o Holocausto: O Crescente Ataque à Verdade e à Memória). Nessa obra, ela dedicou uma página sobre o historiador britânico David Irving, mostrando que ele interpretava de modo equivocado alguns documentos para provar a sua tese de que o número de judeus mortos pelos nazistas foi muito menor e que nenhum deles morreu nas câmaras de gás de Auschwitz, na Polônia.


Essa única passagem no livro de Lipstadt incomodou tanto que Irving processou por difamação a professora e a editora Penguin Books, que publicou o livro no Reino Unido.


Deborah, então, foi obrigada a provar nos tribunais que o holocausto existiu de fato. Em um julgamento que durou seis anos, finalizado em 2000, a historiadora passou de acusadora do negacionismo para sentar nas cadeiras de um tribunal como ré, acusada de estar mentindo sobre a atrocidade ocorrida na Alemanha Nazista. Obviamente, ela foi inocentada e esse episódio se transformou em uma grande derrota para os negacionistas. 


Em 2017, a história do julgamento foi adaptada no filme Negação (Denial), com Rachel Weisz, vencedora do Oscar, no papel da protagonista Deborah Lipstadt. A obra é obrigatória para entender melhor estes tempos de ascensão de negacionistas no mundo, sempre com apoio de fake news nas redes sociais.


O cinema retratou a disputa nos tribunais entre Deborah Lipstadt e o historiador negacionista, David Irving, no filme Denial (Negação), inspirado no livro da professora sobre o julgamento


Em uma conferência ao TED (Technology, Entertainment and Design), em 2017 (ver referências), Lipstadt relatou as motivações que a levaram a investigar os autointitulados "revisionistas da história".


"Negadores são lobos em pele de cordeiro. Eles são os mesmos nazistas ou neonazistas de sempre. Mas, quando olhei para eles, não vi um uniforme da SS ou símbolos da suástica na parede. Em vez disso, encontrei pessoas desfilando como acadêmicos respeitáveis. Tudo o que precisávamos era descer um centímetro abaixo da superfície e lá estavam a mesma adulação a Hitler, o louvor ao Terceiro Reich, o antissemitismo, o racismo e o preconceito desfilando como discurso racional." (link em notas)

 

Assista ao trailer legendado de Negação, 2017, Sony Pictures. O filme completo pode ser comprado no You Tube Movies 

    FILMES E LIVROS SOBRE NEGACIONISMO

 PARA ENTENDER MELHOR

O negacionismo histórico e científico que avança no século 21 tem antecedentes. Um dos exemplos mais perturbadores é a negação do Holocausto. No Brasil, em 1904, a Revolta da Vacina contestou a imunização obrigatória contra a varíola conduzida pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Na galeria, você confere as recomendações e links de filmes e livros sobre o tema.

GettyImages/CanvaPro/DNY59